05 outubro 2025

Simplifique (Notas de Livro)

TítuloSimplifique: 7 princípios para descomplicar e organizar sua vida. 

AutorJoshua Becker

Tradução de Igor Barbosa. Rio de Janeiro: Agir, 2024.

Nossa história comum

“Qualquer materialista razoavelmente consciente sabe muito bem: aquilo que você possui também te possui.” Tom Robbins

Conversando com a vizinha, num dia de limpeza, ouviu dela a seguinte frase: “É por isso que minha filha é minimalista. Ela vive dizendo que eu não preciso de tantas coisas!”

Minimalismo é um estilo de vida simples, focado em possuir apenas o essencial para a vida e eliminar os excessos.

Princípio n.º 1: Deixar-se convencer

“Você não pode ter todas as coisas. Onde você guardaria?” Mensagem encontrada num biscoito da sorte.

Alguns benefícios:

1) Menos gastos. Ao acumular menos coisas você, você gasta menos dinheiro.

2) Menos estresse. A desordem é uma forma de distração visual, e tudo diante dos nossos olhos consome pelo menos um pouco de nossa atenção.

3) Facilidade na limpeza e na organização. Quanto menos coisas houver em nossa casa, mais fácil será limpá-la.

4) É bom para o meio ambiente. Quanto menos consumimos menos danos causamos ao meio ambiente.

5) Aumento de produtividade. Nossos pertences consomem tempo. Seja para limpá-los, organizá-los, comprá-los ou vendê-los. Quanto mais coisas possuímos, mais tempo elas roubam de nossa vida. 

Princípio n.º 2: Tornar o minimalismo conveniente para você

O minimalismo é a promoção intencional das coisas que mais valorizamos e a eliminação de tudo o que nos afasta delas.

Minimalismo racional: 

Promover deliberadamente as coisas que mais valorizamos. O importante é refletir sobre a frase acima, ou seja, é a promoção intencional das coisas que mais valorizamos e a eliminação de tudo o que nos afasta delas.

A limpeza e a ordem dos objetos em nossa casa pode facilitar a eliminação das formas de desordem emocional, relacional e espiritual.

As peças decorativas que mantivermos devem ser as mais importantes de maior valor sentimental para nós.

Os benefícios da nossa decisão são inconfundíveis: mais liberdade, mais impacto, mais tempo livre e menos estresse.

Princípio n.º 3: Pular de cabeça!

"Não tenham em suas casas nenhum objeto que não seja reconhecido como útil ou percebido como belo." (William Morris)

Um endividado consultando um expert no assunto, recebeu a seguinte recomendação: não pagar primeiro os empréstimos com juros mais altos; em vez disso, ele foi instruído a quitar as dívidas menores. Quitar dívidas menores resulta em uma vitória.

Quando você deixar uma superfície limpa, qualquer baguncinha vai incomodar e pedir para ser organizada.  

Sobre a bagunça

Bagunça é tudo o que está desorganizado.

Bagunça é qualquer coisa que não precisamos

Bagunça são muitos objetos em um espaço pequeno demais.

Não confundir limpa com minimização.

A maior parte das pessoas usa 20% das roupas que possuem durante 80% do tempo. 

Princípio n.º 4: Interromper a tendência

Você diz: “Se eu tivesse um pouco mais, ficaria muito satisfeito.” Aí está o seu erro. Se você não está satisfeito com o que tem, não ficaria satisfeito se o tivesse em dobro. Charles Spurgeon)

Cita o caso de não ter deixado o filho gastar dinheiro num brinquedo efêmero, fazendo-o comprar o que tinha sido determinado.

Pergunta: Quem na minha vida poderia me impedir de tomar decisões financeiras irresponsáveis?

Possuir coisas não equivale a alegria.

Estudos têm demonstrado que possuir bens não equivale a alegria (por exemplo, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar na incidência de depressão).

Considere o verdadeiro custo de suas compras: aluguel fora de casa para guardar o objeto

Estima-se que entre 8% e 13% do valor da conta de luz resulta de aparelhos em stand-by, aqueles que consomem energia apenas por estarem plugados na tomada.

A Associação Nacional de Organizadores Profissionais dos Estados Unidos afirma que passamos um ano de nossas vidas procurando itens perdidos.

Torne-se fã do invisível

Há um ditado sábio que diz o seguinte: “Não fixe os olhos naquilo que se vê, mas naquilo que não se vê. Pois o que se vê é temporário, mas o que não se vê é eterno.”

O dia de declarar o imposto de renda e o leito de morte são dois momentos da vida em que tudo vira de cabeça para baixo. Mas há uma grande diferença entre eles: no ano que vem, teremos de pagar nossos impostos outra vez (infelizmente), mas só temos uma chance em nossa vida (infelizmente). 

Princípio n.º 5: Perseverar

"Nem tudo que pode ser contado conta, e nem tudo que conta pode ser contado." (Albert Einstein)

A verdade é que os objetivos nos movem e nos moldam. Eles nos afetam e afetam a maneira como vivemos.

Podemos reduzir o lixo eletrônico em 75% a 85% se seguirmos estas três etapas fáceis:

Ao cadastrar em algum site, marque “não enviar correio”.

Desative ofertas pré-aprovadas de cartões de crédito, seguros e outros serviços.

Quando receber catálogos individuais, ligue para a empresa e peça para removê-los da lista de mala direta. 

Princípio n.º 6: Compartilhar a alegria

“Um indivíduo não começa a viver até que possa superar os limites estreitos das suas preocupações individualistas e chegar às preocupações mais gerais de toda a humanidade.” (Martin Luther King Jr.)

Neste capítulo conta a história de algumas pessoas que se tornaram minimalistas. 

Princípio n.º 7: Simplificar em todos os aspectos

“Você não precisa correr atrás de tudo que sempre quis se já tem tudo de que precisa.”

Sobre encher uma vasilha com pedra: Se você não colocar as pedras grandes primeiro, elas ficaram de fora para sempre.

 

30 setembro 2025

Atlas Básico de Filosofia (Livro)

Título: Atlas Básico de Filosofia

Autor: Hector Leguizamón

Tradução:  Ciro Mioranza

Editora: Escala Educacional, São Paulo, 2007

Conteúdo: Origens da Filosofia — Sócrates — Consciência — Percepção — Memória — Desejo — Paixões — Existência — Morte — Natureza — Cultura — Linguagem — Imaginação — Ilusão — Religião — Vida — Teoria e Experiência — Lógica e Matemática — Razão — Irracional — Sentido — Verdade — Ciência — Técnica — Biologia — História — Ciências Humanas — Trabalho — Economia — Sociedade — Estado — Poder — Violência — Direito — Justiça — Outro — Arte — Responsabilidade — Vontade — Liberdade — Felicidade — Pessoa —  Apêndice: Escolas Filosóficas e Pensadores.

Cada um dos capítulos acima está disposto em duas páginas. Primeiramente, há uma introdução, seguida de 5 tópicos principais, com quadros complementares e figuras para ilustração.  

Um Exemplo: Teoria e Experiência

A ciência evoluiu muito desde suas origens. Os gregos a definiam como busca da verdade. Desse ponto de vista, não existia diferença entre ciência e filosofia. Com o tempo, os objetivos e os métodos já não foram os mesmos e a filosofia acabou se separando da ciência. Mas a prática científica continuará evoluindo, e sua definição também. Desde o Renascimento, a definição de ciência deriva da relação entre teoria e experiência.

A Função da Experiência

Um primeiro sentido da palavra “experiência” refere-se à quantidade de situações vividas que nos ajudam a saber mais coisas, ainda que esse saber nem sempre possa ser expresso em palavras. Na ciência, a experiência consiste em compreender um conjunto de fenômenos. Isso não se faz apenas mediante a simples observação. Costuma-se reproduzir uma situação para observar se nossa explicação, nossa teoria, está correta. A experiência, na ciência, consiste então na observação ou na produção de um fato perfeitamente controlado. Parece que seja a teoria a que dá sentido à experiência.

Uma Teoria Exemplar

Em 1687, o astrônomo e matemático inglês Isaac Newton (1642-1727) postulou a existência de uma força de atração que atua à distância sobre os corpos, o que lhe permitiu formular a famosa teoria da gravitação universal. Essa teoria permitia explicar fenômenos muito diversos, como o movimento dos corpos sobre a Terra, o dos planetas e de seus satélites, as marés ou a forma da Terra. Portanto, não era o produto arbitrário da imaginação. Seu poder de explicação e de previsão era tal que se converteu, a partir de então, no modelo científico por excelência.

Os Limites da Teoria

Uma teoria científica é um reflexo fiel da realidade? Ou seria, antes, uma interpretação da realidade que depende da nossa capacidade de conhecer? Os físicos que estudam hoje a estrutura elementar da matéria observam fenômenos tão estranhos que se torna difícil deduzir uma teoria satisfatória para uma mente humana. Cabe perguntar, então, por que a realidade deveria se submeter aos nossos modelos. Parece, portanto, razoável concluir que a realidade é sempre muito mais complexa do que todas as teorias às quais tentamos reduzi-la para compreendê-la.

Teorias Científicas

O filósofo austríaco Karl Popper (1902-1994) acredita que uma teoria é científica apenas se existir a possibilidade de colocá-la à prova por meio da experiência. De fato, que valor teria uma teoria que nunca pudesse ser confrontada pela experiência? Enquanto os resultados dos experimentos corresponderem às predições da teoria, dir-se-á que a teoria é compatível com a experiência, mas em nenhum caso que a experiência confirme que a teoria é verdadeira. Portanto, Popper só admite como científicas as teorias que correm o risco de serem invalidadas pela observação.

Confirmar uma Teoria

Costuma-se pensar que a experiência pode confirmar uma teoria científica. Quando as consequências deduzidas da teoria são contrárias aos fatos observados, fica evidente que a teoria se encontra invalidada. Porém, se quisermos ser rigorosos, teremos de aceitar que nenhum experimento pode confirmar definitivamente uma teoria. Esta apenas resiste ao tempo e aos experimentos realizados para refutá-la. Além disso, para confirmá-la, seria necessário realizar experimentos em todas as circunstâncias possíveis, o que representaria um trabalho infinito e, portanto, irrealizável.

 

28 setembro 2025

Poder

Quando pensamos no poder, quase sempre nos vem à mente a ideia de poder político ou econômico. É comum entendermos o poder como aquilo que controla a sociedade, algo semelhante ao controle ou à autoridade. No entanto, é mais adequado considerar que o poder está ligado ao que é possível realizar. Visto desse modo, todos nós possuímos algum poder.

O poder do ser humano se manifesta em sua capacidade de agir sobre o mundo. Ele não se limita apenas à ação sobre os outros, mas também sobre as coisas ao seu redor. Nos pequenos atos diários, sempre que temos liberdade de escolha, revelamos formas diversas de poder. Não é o mesmo o poder de um estudante, de uma mãe, de um cientista, de um atleta ou de um artista. Em todos os casos, há uma afirmação de si mesmo ou a expressão da vontade de um grupo.

A razão constitui outro tipo de poder fundamental. É ela que nos permite descobrir a ordem presente na natureza e, ao mesmo tempo, projetar o futuro. Graças à razão, o ser humano é capaz de tomar decisões que conduzem à realização de seus sonhos e que o libertam do simples instinto. Trata-se, portanto, de um poder que amplia nossas possibilidades e nos ajuda a controlar melhor a própria vida.

Entretanto, em uma sociedade organizada por regras, o poder também pode se manifestar como dominação. Nem sempre ele é exercido de maneira justa ou legítima. Muitas vezes, recorre-se à imposição, à violência ou ao abuso de autoridade para alcançar determinados objetivos. Exemplos disso são o chefe que ameaça os trabalhadores, o professor que abusa de sua posição ou o funcionário que nega atendimento por capricho. São formas de usar o poder de maneira arbitrária, reforçando desigualdades e injustiças.

Existe ainda o poder da resistência, chamado contrapoder. Esse não depende de nossa força física ou de nossa posição social, mas da capacidade de limitar ou questionar o poder dos outros. O contrapoder é a presença que não pode ser ignorada, a força que lembra que nem tudo é permitido. Por fim, há o poder legítimo, aquele que se exerce para o bem comum, que aceita ser limitado e que leva em conta os interesses da coletividade. Uma decisão só é justa quando considera os outros, pois o verdadeiro poder é aquele que promove equilíbrio, justiça e responsabilidade social.

Fonte de Consulta

Atlas Básico de Filosofia. Textos de Hector Leguizamón. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo: Escala Educacional, 2007. 


  

27 setembro 2025

Lógica e Matemática

As matemáticas são um instrumento essencial para compreender a natureza. Sua relação com o mundo real e com a razão humana ainda é um mistério.

Muitos pensam que as matemáticas e a lógica têm basicamente a mesma origem. Porém, não são a mesma coisa. Na Grécia, Pitagóricos e Aristóteles criaram métodos dedutivos baseados em axiomas. A lógica passou a fundamentar a matemática. Serviu como instrumento para organizar raciocínios. Mostrou que o conhecimento podia ser demonstrado passo a passo. Assim, tornou-se possível fundamentar a matemática.

A palavra “matemática” vem do grego e significava “ciência do aprendizado”. Desenvolveu-se no Egito e na Babilônia e foi dividida em Aritmética, Geometria, Astronomia e Música. Os árabes transmitiram esse saber à Europa. As figuras de geometria, os números e os cálculos foram os instrumentos fundamentais do desenvolvimento das matemáticas, até que surgiram as equações.

Os princípios matemáticos não são evidentes na natureza. Cada cultura elaborou sua própria matemática Todas, porém, buscaram princípios racionais que explicam os fenômenos. A matemática expressa tanto a razão quanto a realidade mental. Ou seja, esses princípios são o fundamento da razão e expressam uma realidade que está em nossa mente.

A geometria grega mostrou o rigor da dedução. Teoremas eram derivados de axiomas e definições. No entanto, pequenas mudanças neles levam a resultados diferentes, o que limita a dedução pura. Por isso, a matemática é sempre progressiva. Um exemplo: Euclides demonstrou que a soma dos ângulos internos de um triângulo equivale a dois ângulos retos. Mas um ponto central e ao mesmo tempo problemático é a escolha dos axiomas.

A lógica aristotélica era ligada à linguagem comum, ainda muito limitada. Depois evoluiu para uma linguagem simbólica. Isso permitiu uma formalização das demonstrações e uma melhor definição dos processos. Por fim, a lógica formal chegou a influenciar até mesmo a compreensão das proposições lógicas.

Fonte de Consulta

Atlas Básico de Filosofia. Textos de Hector Leguizamón. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo: Escala Educacional, 2007. 


Escolas Filosóficas e Pensadores

Escola, movimento ou pensador: Pré-socráticos I / Os milesianos (séc. VII a.C.)
Representantes: Tales, Anaximandro, Anaxímenes
Ideologia ou pensamento: Originários de Mileto, na costa da Ásia Menor, confiavam em uma interpretação racional e materialista do universo. Buscavam os primeiros princípios que o constituíam. Só conservamos fragmentos das obras dos pré-socráticos.

Escola, movimento ou pensador: Pré-socráticos II (séc. V a.C.)
Representantes: Pitágoras, Parmênides, Heráclito
Ideologia ou pensamento: Refletiram sobre nossa forma de entender o mundo, a natureza e o que é o pensamento. Para Pitágoras, os números exprimem a harmonia do universo. Parmênides afirmava que “o ser é uno e é”. Heráclito afirmava que “a verdade é absoluta e mutável” e que “tudo flui” e nada permanece igual.

História da Filosofia: uma Síntese

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Considerações Iniciais. 3. Filosofia Antiga: 3.1. Pré-Socráticos; . 3.2. Período Clássico ou Grego Romano. 4. Filosofia Medieval. 5. Filosofia Moderna. 6. Filosofia Contemporânea. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é sintetizar a história da filosofia, salientando os aspectos relevantes em cada um de seus períodos: filosofia antiga, filosofia medieval, filosofia moderna e filosofia contemporânea.

2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A filosofia difere da ciência, porque necessita da história. Nenhum filósofo começa do zero, mas acrescenta ao que o filósofo precedente já descobriu. Pode-se dizer que a história da filosofia é a soma das contribuições que cada filósofo deu ao quebra-cabeça que é a experiência humana. Vem um filósofo e dá uma solução, e todos aclamam como a melhor; tempo mais tarde, vem outro e dá outra solução para o mesmo problema, e assim sucede no tempo.

23 setembro 2025

Imaginação

A imaginação é a faculdade mental capaz de formar imagens, ideias e conceitos que não estão presentes na realidade imediata. Ela possibilita representar objetos, acontecimentos e relações de modo criativo e construtivo. Embora muitas vezes criticada, é fundamental para o pensamento, pois nos permite inventar mundos possíveis e descobrir novos caminhos — tanto na ciência quanto na vida cotidiana.

Imaginação e pensamento. Desde o início, a imaginação está ligada ao mundo da percepção. Ela contribui para o pensamento ao oferecer imagens inspiradas no sensível. No entanto, esse modo de pensar é mais limitado que o pensamento abstrato, pois pode conter erros: aquilo que imagino nem sempre corresponde ao que percebo na realidade. Assim, o produto da imaginação nem sempre se traduz em um pensamento coerente.

Imaginação e ciência. Quando Nicolau Copérnico ousou imaginar o mundo de outra forma, abriu caminho para novas teorias. Na ciência, a imaginação tem papel essencial: permite formular hipóteses e também conceber experiências capazes de confirmá-las ou refutá-las.

Controle da imaginação. Podemos controlar nossa imaginação? Talvez em parte. No sonho, por exemplo, sentimos uma ausência quase total de controle, e as imagens surgem sem obedecer a nenhuma ordem. Surge, então, a dúvida: a imaginação segue uma lógica própria, incontrolável como nos sonhos, ou representa um espaço de liberdade, como parece ocorrer quando sonhamos acordados?

Utopia e ideal. A utopia — o sonho de um mundo melhor — foi capaz de questionar governos e estruturas sociais ao longo da história. Reduzir a imaginação apenas a uma via de acesso ao irreal é esquecer que ela também pode revelar um ideal e inspirar transformações.

Imaginação e mito. No pensamento mítico, a força da imaginação é evidente. Os mitos nos recordam que, antes de aprender a raciocinar, os seres humanos já sonhavam. E mesmo depois de aprender a pensar, continuamos a sonhar. As construções imaginárias fazem parte de toda cultura e ajudam a defini-la tanto quanto suas realizações concretas.

Fonte de Consulta

Atlas Básico de Filosofia. Textos de Hector Leguizamón. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo: Escala Educacional, 2007. [Texto melhorado pelo ChatGPT] 

 

21 setembro 2025

Ortodoxia (Resumo de Livro)

O livro Ortodoxia, de Gilbert K. Chesterton, é uma espécie de “autobiografia intelectual”, uma reflexão pessoal. Sua proposta é explicar por que chegou à fé cristã — mais especificamente, ao cristianismo ortodoxo. Seus 9 capítulos são:   — Introdução em Defesa de Tudo o Mais — O Maníaco — O Suicídio do Pensamento — A Ética da Elfolândia — A Bandeira do Mundo — Paradoxos do Cristianismo — A Eterna Revolução — O Romance da Ortodoxia — A Autoridade e o Aventureiro.

Gilbert Keith Chesterton (1874-1936), nascido em Londres, foi escritor, poeta, crítico de arte, jornalista, teólogo... Sua vasta obra, em torno de 80 livros, abarca desde os clássicos de seu pensamento crítico e apologético como Ortodoxia e O Homem Eterno até ficções como O Homem que Foi Quinta-Feiraalém dos muitos livros de seu renomado detetive, Padre Brown.  Sua obra teve considerável influência sobre nomes que vão desde C. S. Lewis até Jorge Luís Borges.

Neste livro, ele: 

Critica tanto o ceticismo moderno quanto o racionalismo fechado. Valoriza a liberdade, e tenta explorar as perguntas fundamentais da vida.

Afirma que o cristianismo é cheio de aparentes contradições, tais como, humildade e ousadia, sofrimento e alegria. Não considera isso como um defeito, mas um sinal de vitalidade, pois evita os extremos destrutivos. 

Observa que a modernidade sofre de “doença mental”, pois perde contato com o senso comum. Acha que o niilismo e o relativismo são perigos que secam a alma.

Esclarece que a fé cristã é uma aventura intelectual e espiritual. É uma redescoberta das coisas sagradas da vida. 

Reconhece que os dogmas não aprisionam, mas permitem ao homem, com o seu livre-arbítrio, agir num espaço seguro, em vez de se perder no vazio.

Faz uma defesa da figura de Cristo, que une os contrários e dá sentido à experiência humana mais responsável. 

Em síntese, apresenta o cristianismo como a resposta mais satisfatória às inquietações humanas. 

 

 

17 setembro 2025

O Jeito Estoico de Viver (Resumo de Livro)

Título do livro: O Jeito Estoico de Viver: Regras Simples para o Cotidiano. William Mulligan. Tradução de Cássia Zanon. São Paulo: Latitude, 2025.

Capítulos do livro: — O que tem de errado com minha vida, afinal? — Aqui estão os princípios básicos — A alegria da felicidade — Literalmente não consigo fazer nada — Se não está quebrado, não se pode consertar — Pelo menos uma coisa é certa — Alguém me entende? — Polegar para cima, polegar para baixo — Você conhece aquela vozinha na sua cabeça — A verdade sobre suas coisas maravilhosas — Coloque seus olhos cor-de-rosa — Não pare de parar.

Sobre o autor: William Mulligan é o fundador do popular The Everyday Stoic. A sua missão é conduzir as pessoas através da vida moderna, seguindo as regras e a sabedoria do estoicismo, que acredita serem valiosas para todos — não apenas para alguns eleitos.

Tema central: O livro propõe trazer o estoicismo — filosofia da Grécia e Roma antigas — para ser aplicado no dia a dia moderno, de forma prática e acessível. Mulligan argumenta que não é necessário tornar-se um estudioso profundo, abandonar a sociedade, ou viver em reclusão para adotar uma vida estoica. Em vez disso, a mudança começa com pequenas práticas, hábitos, e com uma transformação na forma de pensar.

Principais regras expostas:

1) Distinguir o que está ou não sob nosso controle. Entender que não podemos controlar eventos externos, mas podemos controlar nossas reações, atitudes, pensamentos. Esse é um dos pilares do estoicismo.

2) Aceitação das limitações e imperfeições. Aceitar que as situações inevitáveis, nossos próprios limites e também de outras pessoas fazem parte da vida, e reagir de forma equilibrada a isso, sem resistência inútil.

3) Cultivo das virtudes estoicas [sabedoria, coragem, justiça e moderação]. Ou seja, agir bem eticamente, ter coragem (inclusive moral), praticar justiça em suas pequenas ações, e manter moderação nos desejos e reações.

4) Resiliência e calma interior. Regras voltadas a lidar com frustrações, adversidades, perdas, incertezas, de modo que possamos manter equilíbrio mental e emocional.

5) Simplicidade e gratidão. Valorizar o que é suficiente, reconhecer as pequenas coisas boas, evitar excessos que geram ansiedade ou comparações.

6) Reflexão sobre a morte e impermanência. Reconhecer que tudo é transitório ajuda a dar valor ao presente, a viver com mais intenção, e a não desperdiçar tempo e energia com o que realmente não importa.

7) Empatia perdão e compreensão das falhas dos outros. Não esperar perfeição nos outros; compreender limitações, cultivar tolerância.

Adotando essas regras, teremos: mais calma interior permanente, menos reações impulsivas; melhor equilíbrio emocional; relações interpessoais mais saudáveis; capacidade de ver adversidades como oportunidades de aprendizado ou crescimento; uma vida mais significativa, com foco no que de fato importa, e menos estresse com o incontrolável.

 

12 setembro 2025

Empirismo e Racionalismo

“Pensamentos sem conteúdo são vazios; intuições sem conceitos são cegas.” (Kant)

Desde tempos remotos, tanto o empírico quanto o racional sempre tiveram os seus defensores. A tradição filosófica nos mostra duas posições clássicas diante do conhecimento: a platônica ou socrático-platônica, que envolve a questão da reminiscência, das ideias inatas, e a sofistica ou empírica que se refere apenas aos nossos sentidos. Há entre esses dois campos numerosas escolas e subescolas. Este problema perdurou ao longo dos séculos.

Sobre a origem do conhecimento. Para o empirismo, o conhecimento nasce da experiência sensível (dos sentidos). A mente é uma “página em branco” que vai sendo preenchida. Para o racionalismo, o conhecimento verdadeiro tem origem na razão. A experiência pode enganar; a mente já traz princípios inatos ou lógicos que orientam o saber. John Locke, George Berkeley e David Hume são os defensores do empirismo; René Descartes, Baruch de Spinoza, Gottfried Leibniz, do racionalismo.

O papel da percepção. Para o empirismo, a percepção é o ponto de partida de todo conhecimento. A mente — tabula rasa (Locke) —, começa absorvendo as ideias simples (cor, forma, som). Depois, essas ideias simples vão se tornando mais complexas (cadeira, amizade, justiça). Tudo começa com a experiência sensível. Para o racionalismo, a percepção pode enganar; só a razão garante certeza.

Sobre o Método. Para o empirismo, utilizamos o método indutivo, base da ciência experimental moderna (observação — hipótese — teste). Em se tratando do racionalismo, aplicamos o método dedutivo, como na matemática e na lógica (partir de princípios evidentes — deduzir consequências).

Interligação entre empirismo e racionalismo. Muitos filósofos posteriores (como Kant) perceberam que razão e experiência são inseparáveis: A experiência fornece o conteúdo.  A razão fornece a forma, a organização e os princípios. Exemplo: na ciência moderna, a observação empírica é indispensável, mas só ganha sentido quando analisada por hipóteses e raciocínios lógicos. São faces complementares da busca da verdade.

Em síntese, o método científico moderno equilibra percepção (empírica) e razão (racional) para construir um conhecimento mais confiável.

11 setembro 2025

Percepção

Às vezes nos cansamos de pensar ou de ouvir discursos excessivamente teóricos e acabamos preferindo confiar no que vemos e tocamos. Nessa escolha, afirmamos implicitamente que damos mais crédito aos sentidos do que ao raciocínio abstrato para conhecer a realidade. Pensamos, assim, estar evitando discussões intermináveis. Contudo, se buscamos certezas e não apenas aproximações, logo percebemos que a informação captada pelos sentidos nem sempre é segura.

Perceber é Julgar. Quando mergulhamos um sarrafo na água e ele nos parece quebrado, só ao retirá-lo percebemos que fomos enganados. Nesse caso, não foram os sentidos em si que falharam, mas o juízo que emitimos a partir da informação recebida. Situações como essa mostram que perceber não é um ato passivo: trata-se de uma interpretação, uma construção mental em que participamos ativamente.

A Percepção Inconsciente. Perceber significa selecionar, organizar e atribuir sentido ao que captamos. Porém, nem sempre temos consciência desse processo interpretativo. Isso acontece porque, muitas vezes, nossa percepção coincide com a dos outros ou se mostra compatível com outras experiências, e então não a questionamos. Por exemplo: ao passear em um dia quente, sinto calor; vejo pessoas usando roupas leves e, ao tirar o casaco, sinto alívio. Minha percepção só se tornaria duvidosa se os demais estivessem agasalhados ou se, ao retirar o casaco, o calor parecesse ainda maior.

Empirismo e Percepção. Nos séculos XVII e XVIII surgiu uma questão central: de onde vem nosso conhecimento do mundo? Seriam nossas ideias o resultado de uma soma de percepções, ou seriam as ideias prévias que nos permitem interpretar o que percebemos? O empirismo, corrente filosófica nascida no século XVII e representada por David Hume (1711–1776), defende que apenas a experiência sensível nos permite conhecer a realidade. Já para os racionalistas, como Descartes, inspirados em Platão, a razão tem primazia sobre os sentidos na busca da verdade.

Os Limites da Percepção. Para Kant, todo conhecimento verdadeiro nasce da união entre a percepção e a capacidade da mente de organizá-la. Isso significa que nunca conheceremos o mundo como ele é em si, mas apenas como se apresenta às nossas formas de percepção. A ciência moderna, apoiada em sofisticados instrumentos tecnológicos, amplia os limites do que podemos observar. Mesmo assim, continua válido o que Kant afirmou: “Nossos conhecimentos sempre terão de se adaptar à nossa forma de perceber o mundo, ainda que por meio de máquinas.”

A Percepção da Obra de Arte. A percepção, por si só, não é verdadeira nem falsa: ela propõe interpretações que nos ajudam a agir no mundo. O artista, no entanto, destaca-se por não se preocupar em reproduzir fielmente a realidade, mas em recriá-la a partir de sua própria visão. A arte nos recorda, desde sempre, que toda percepção não apenas revela o mundo, mas também o inventa.

Fonte de Consulta

Atlas Básico de Filosofia. Textos de Hector Leguizamón. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo: Escala Educacional, 2007. [Texto melhorado pelo ChatGPT] 

 

A Utilidade do Inútil: Um Manifesto (Resumo)

O livro A Utilidade do Inútil: Um Manifesto está dividido em três partes. Primeira Parte — "A Útil Inutilidade da Literatura" (26 tópicos). Segunda Parte — "A Universidade-Empresa e os Estudantes-Clientes" (17 tópicos). Terceira Parte — "Possuir Mata: Dignitas Hominis, Amor, Verdade" (4 tópicos). Há, também, um Apêndice — "A Utilidade do Conhecimento Inútil", por Abraham Flexner.

Nuccio Ordine, professor e filósofo italiano, enfatiza, neste livro, que aquilo que muitas vezes é considerado “inútil” — como a arte, a literatura, a filosofia, a música, a poesia, o saber desinteressado — é, na verdade, fundamental para a construção de sociedades mais justas e livres. É um manifesto que se contrapõe ao modelo dominante de sociedade utilitarista e mercantil, em que tudo é avaliado pelo lucro imediato.

Ordine usa trechos de pensadores e escritores (Platão, Montaigne, Shakespeare, García Lorca, entre outros) para mostrar como, ao longo da história, a cultura foi sempre vista como pilar da civilização.

Eis algumas ideias principais:

1) O “inútil” como essencial. Artes, literatura e filosofia não produzem riqueza material, mas enriquecem o espírito e ampliam a liberdade do pensamento. São inúteis do ponto de vista mercantil, mas essenciais para a dignidade humana.

2) Crítica ao utilitarismo e ao mercado. A lógica do mercado transforma tudo em mercadoria, inclusive o conhecimento. A educação, por exemplo, passa a ser vista apenas como instrumento para o trabalho, e não como formação integral do ser humano.

3) Educação e cultura. O autor defende uma escola e universidade voltadas para o saber gratuito e universal, não apenas para o ensino de competências técnicas. A leitura de clássicos e o contato com as humanidades são formas de resistência contra a desumanização.

4) A utilidade daquilo que não tem preço. Amor, amizade, solidariedade, justiça e beleza não podem ser comprados ou vendidos, mas sustentam a vida social. O valor desses bens é inestimável justamente porque não é monetário.

Resumindo: O “inútil” é o que nos torna humanos. O lucro não é a medida de todas as coisas. A cultura, o pensamento e a beleza são a verdadeira riqueza.

ORDINE, Nuccio. A Utilidade do Inútil: Um Manifesto. Seguido de um ensaio de Abraham Flexner. Tradução de Luiz Carlos Bombassaro. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.